Reuni completa 10 anos com visível ampliação do acesso à Universidade

Novembro 27, 2018

Por Giulia Pereira e Juliana Folhadella

Foto: Thiago Barcelos

O Conjunto I de moradias socioeconômicas do campus Mariana, conhecido como Moitas, passou por uma grande reforma em todas as suas sete casas. Construídas há 32 anos e com capacidade para abrigar 84 pessoas no total, as moradias receberam troca de pias, pisos, forros de teto, fiação elétrica e telhados. Além disso, ganharam nova pintura, portas e espelhos. 

Há dez anos o Governo Federal começou a implantação em todo o Brasil do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, conhecido como Reuni. O programa trouxe para a UFOP uma expansão que atendeu a demandas muito aguardadas. Crescimento, melhor infraestrutura e condições para a formação de novos profissionais tornaram a Universidade uma instituição de maior atuação no meio acadêmico. 

A expansão da Rede Federal de Educação Superior teve início em 2003, com a interiorização dos campi das universidades federais. Com isso, o número de municípios atendidos pelas universidades passou de 114 em 2003 para 237 até o final de 2011. Desde o início da expansão, foram criadas 14 novas universidades e mais de 100 novos campi, possibilitando a ampliação de vagas e a criação de novos cursos de graduação.

O Reuni, lançado em 2007, fazia parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e foi responsável por boa parte das ampliações nas universidades. Em sua criação, visava aumentar e facilitar o acesso e melhorar a permanência no ensino superior. As ações previam, além do aumento de vagas, medidas como a ampliação ou abertura de cursos noturnos, o aumento do número de alunos por professor, a redução do custo por aluno, a flexibilização de currículos e o combate à evasão.

UFOP — Todas as Universidades Federais aderiram ao programa e apresentaram ao ministério planos de reestruturação, de acordo com a orientação do Reuni. A Universidade Federal de Ouro Preto teve seu plano de adesão aprovado em dezembro de 2007, como explica Luiz Loureiro Ribeiro, pró-reitor de Administração em 2008: "foi nomeada uma comissão, integrada por representantes da administração da UFOP, diretores de unidades acadêmicas e representantes dos servidores técnicos-administrativos e discentes".

O plano elaborado continha um diagnóstico da situação antes da adesão ao programa, as metas a serem atingidas e quais as estratégias a serem utilizadas. A Universidade visava ao aumento no número de matrículas dos cursos, com a criação de vagas no período noturno, que atenderiam uma faixa diversa de estudantes. Além disso, a UFOP previa diminuir a evasão de alunos, aumentar a mobilidade inter e intrainstitucional, criar mais políticas de inclusão, de extensão e de expansão do número de matrículas na pós-graduação. 

De acordo com a reitora da UFOP, Cláudia Marliére, a implantação do Reuni é um marco importante na educação brasileira, pois gerou uma maior inclusão da população marginalizada nas universidades: "A universidade saiu dessa torre de marfim que a maioria da população achava que era inatingível", avalia. 

Apesar de existirem críticas sobre o que rege a força de trabalho e a infraestrutura das Universidades Federais, na perspectiva da reitora, os pontos positivos se sobressaem, pois o plano de expansão gerou uma série de oportunidades nos âmbitos social, educacional e econômico. "A universidade hoje não é só vista como uma instituição educadora, mas também cultural, artística, social, econômica… Porque gera uma série de vantagens tanto para a própria comunidade acadêmica quanto para a sociedade", completa. 

Com a implantação do projeto, catorze novos cursos foram criados, mais de dez cursos já existentes tiveram o número de vagas ofertadas aumentado e a Universidade viu a vida acadêmica crescer no período noturno. Mais de 130 obras foram realizadas por intermédio do Reuni, desde melhorias na infraestrutura nos três campi, reformas para adaptação dos novos cursos, até a criação de um novo instituto, Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), em Mariana.

Um fato que se observa hoje é que muitos municípios que não possuem universidades procuram as já existentes, como a UFOP, para a criação de novos campi. "Existe uma demanda ainda reprimida e ainda temos muita limitação de expansão, mas, no meu ponto de vista, o plano de reestruturação e expansão para a UFOP foi de extrema importância. Trouxe mais visibilidade para a Universidade, mais profissionais qualificados, um número significativo de alunos, que estão conseguindo ter sua formação com qualidade, e trouxe políticas públicas importantes, como a para a permanência dos alunos com vulnerabilidade econômica", analisa Cláudia.

A UFOP obteve ajuda nas três cidades-sede e, em Mariana, a Prefeitura cedeu o espaço e o prédio do Colégio Padre Avelar, onde o ICSA foi instalado. A criação de quatro novos cursos na Primaz de Minas Gerais contribuiu para a "consolidação da Universidade como produtora de conhecimento em todas as áreas do saber, com a inclusão da área de Ciências Sociais Aplicadas", ressalta José Benedito Donadon Leal, diretor do ICSA. Ele explica que, na unidade acadêmica, além da graduação, a Universidade ganhou mestrados em Comunicação e Economia e especialização em Serviço Social.  

O plano trouxe uma expansão que representou a duplicação nas vagas de acesso à graduação na UFOP, refletindo nas regiões nas quais a Universidade atua. Para Antenor Barbosa, que era vice-reitor da Instituição à época e participou da sua implantação durante oito anos, a importância do Reuni se dá em diversos aspectos: "conhecimento gerado, conhecimento compartilhado, oportunidades de trabalho e o principal: oportunidade para os estudantes se formarem e fazerem seus sonhos na cidade". Dez anos depois, a Universidade conta com cerca de 2.700 vagas anuais (1º e 2º semestres), 43 cursos, mais de 100 laboratórios e uma intensa gama de atividades nas diversas áreas do conhecimento.