Expectativas para a volta das aulas presenciais

O que sabemos e o que podemos esperar sobre o fim do ensino remoto no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Ufop

Por: Stephanie Geminiani

Fachada do ICSA com o banner orientando o uso de máscara dentro do instituto. 17/12/2021

Em 17 de março de 2020, o Conselho Universitário (Cuni) da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) suspendeu as atividades presenciais por tempo indeterminado em decorrência da chegada do, até então novo, coronavírus no Brasil. Um ano e oito meses depois, no dia 23 de novembro desse ano, o Cuni aprovou a volta 100% presencial das atividades acadêmicas nos três campus da Ufop, prevista para 15 de março de 2022, quando se inicia o período letivo 2021/2.

Para que o retorno ao presencial, assim como o enfrentamento da pandemia, fosse possível e seguro à comunidade acadêmica, a UFOP criou o Comitê de Enfrentamento do Coronavírus, que desenvolveu um Protocolo de Biossegurança, que trata desde o histórico do vírus, até medidas que devem ser tomadas coletiva e individualmente, na Universidade e nas atividades acadêmicas. O Protocolo completo pode ser acessado no link https://saci2.ufop.br/data/pauta/23862_prova_4_protocolo_de_biosseguranca_ufop_2021.pdf. O Comitê realiza também avaliações quinzenais acerca da situação pandêmica no país, se atentando sempre às normas do Ministério da Saúde e dos Municípios onde a Ufop possui campus e, até então, considera segura a retomada em março.

As expectativas para a volta presencial no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) - campus de Mariana da Ufop - são muito grandes, especialmente após tanto tempo de ensino remoto. Alunos, professores, técnicos e funcionários anseiam o retorno da normalidade na universidade, ou, pelo menos, o mais próximo disso.

Com toda certeza, os maiores afetados pelo ensino remoto foram os alunos da Universidade, muitos dos quais nem mesmo chegaram a conhecer seu campus, seus colegas de sala e até a cidade em que irão estudar, por terem ingressado após o início da pandemia.

A psicóloga da Ufop Lígia Carvalho Reis, que atende diretamente alunos do ICSA por meio dos Nace  (Núcleo de Assuntos Comunitários Estudantis) e Prace (Pró-reitoria de Assuntos Comunitários Estudantis), afirma que o aumento da ansiedade e depressão relacionadas ao isolamento social foi ainda mais perceptível nos alunos que iniciaram seus estudos durante a pandemia. “Para os estudantes que ainda nem começaram a aula presencial, há um sofrimento maior com o sentimento de que nada mudou. Há a sensação de não estar estudando efetivamente, uma vez que não estão vivendo a experiência da Universidade.”, afirma a profissional.

Já em relação aos alunos que vivenciavam a experiência da Universidade antes da pandemia, Lígia nota um sentimento de descontinuidade, que também gera bastante ansiedade. Esse sentimento está presente na fala do estudante de sexto período de Ciências Econômicas, Gustavo Branco Leitão, que, ao ser questionado sobre a maior saudade em relação às aulas presenciais, afirma se sentir “à deriva”, pela falta de contato no dia a dia com colegas e com o próprio ambiente escolar, coisas que o remoto não proporciona.

Gustavo diz estar ansioso, no bom sentido, para a volta das aulas presenciais, o que Lígia considera normal visto o tempo em que os alunos estão afastados da sala de aula e completa: “A falta da Universidade durante tanto tempo pode alimentar a vontade de estarmos todos juntos, a motivação para as aulas, de estar com os colegas. Vai ser um momento de celebração, um início (ou retorno) muito motivador”.

Em relação aos docentes, o contato próximo com os alunos e a vivência do dia a dia da Universidade também é de muita importância, conforme a fala de André Quiroga Sandi, coordenador do curso de Jornalismo no ICSA. André, assim como Lígia, defende a convivência de alunos e docentes como parte do processo formativo.

O coordenador e professor se mostra preocupado com algumas questões que a volta presencial traz à Universidade. Ele acredita que o maior desafio a ser enfrentado no regresso ao ICSA esteja além da instituição, como o respeito daqueles que a frequentam ao manter as recomendações de segurança, utilizando as máscaras em todos os momentos e evitando aglomerações, especialmente nos intervalos. Já o desafio da própria Universidade até março, segundo ele, “é o de fazer uma avaliação correta dos espaços que a universidade dispõe e buscar adaptá-los na medida do possível para poder receber todos com um nível elevado de segurança.”

Tal “adaptação” dos espaços vem sendo discutida ultimamente, uma vez que a Ufop já anunciou não possuir orçamento suficiente para adequar as instalações físicas das unidades acadêmicas, recebendo críticas pela falta de condições sanitárias, como da ADUFOP – Sindicato trabalhista dos docentes da Ufop -, que postou um comunicado cobrando tais medidas.

André Quiroga, entretanto, afirma que as aulas retornarão apenas diante da certeza de que todos, estudantes e docentes, estarão seguros nas instalações acadêmicas, e que, caso haja novamente o agravamento da situação pandêmica no país, é grande a possibilidade de um novo adiamento das aulas presenciais. “De hoje até março, esperamos que tudo ocorra normalmente para que possamos voltar, mas ainda está muito longe. Em 3 meses as coisas podem mudar muito rapidamente.”, diz o coordenador com certo receio.

A importância de todos se vacinarem é uma questão intimamente relacionada com a volta das aulas presenciais. A médica Alessandra Céspedes (CRM 115.611) confirma: “Com a vacina, o número de casos de covid-19 diminuiu absurdamente. Tanto casos graves quanto os mais leves. Logo, a vacina é essencial para a volta da normalidade”. Dra. Alessandra enfatiza ainda a importância da permanência dos cuidados que já estamos tomando: “O uso das máscaras, do álcool em gel, lavagem de mãos, o distanciamento, na medida do possível, são cuidados que vieram para ficar”. Além disso, ela acredita que a reabilitação e o cuidado de pessoas afetadas direta ou indiretamente pelo covid-19 deva se tornar uma nova medida a ser adotada pelas instituições, incluindo universidades como a Ufop.