O Novo Coronavírus e seu impacto na população de Bauru

 

Por: Erika Moura

Em 2020, a pandemia do Novo Coronavírus chegou ao Brasil. O primeiro caso foi registrado no estado de São Paulo e, desde então, foi emitido um alerta para o risco da rápida disseminação do vírus. Bauru, que fica localizada no centro-oeste paulista, foi uma das cidades mais atingidas pela doença no estado.

Representação artística do novo coronavírus. Getty Images

O primeiro caso na cidade foi divulgado no dia 30 de março e se tratava de um homem de 51 anos, que havia apresentado sintomas da Covid-19 dez dias antes do registro. No dia 2 de abril, o então prefeito de Bauru, Clodoaldo Bezerra, decretou quarentena até o dia 7 de abril a fim de restringir algumas atividades, já que o isolamento social é a principal medida na prevenção do vírus. Durante esse período de quarentena, foi registrada a primeira morte na cidade, de um idoso de 79 anos que estava internado em um hospital particular da cidade. Essa reportagem tem o objetivo de mostrar como pessoas que atuam em diferentes meios foram afetadas pela pandemia.

2021: um ano cheio de esperanças

Em 2021, a criação de vacinas eficientes contra o vírus fez com que os brasileiros (e o mundo inteiro) imaginassem um ano muito diferente de 2020. Mas não foi como todos estavam esperando, já que, no dia 20 de janeiro, Bauru atingiu ocupação máxima dos leitos de UTI, situação que ão ocorreu no ano anterior, além de ter sido o mês com mais casos desde o início da pandemia, com 4.516 casos, o que especialistas consideram ser o reflexo das aglomerações das festas de fim de ano.

Mesmo com a vida voltando ao normal, as pessoas que dependiam financeiramente de estabelecimentos não esqueceram os momentos difíceis vividos no ano anterior. É o caso de Luciana Vernini, proprietária da academia Integrafit há 8 anos em Bauru. Ao ser questionada sobre como foi passar a pandemia tendo um local que precisou ficar fechado, Vernini contou que foi financeiramente muito difícil. Ela acrescentou que só não fechou de uma vez por todas porque teve ajuda de parceiros, o que tornou possível manter o pagamento do aluguel em dia.

Academia Integrafit, em Bauru. Foto/Reprodução: Luciana VerniniA proprietária ainda contou que ficou oito meses com a academia fechada, e voltou apenas quando saiu um decreto permitindo a abertura com as novas restrições. Entre as mudanças que precisaram ser feitas, Vernini afirmou que passou a disponibilizar álcool em gel 70% e também passou a usar um sistema de check in, em que os alunos precisavam se cadastrar para entrar na academia no horário desejado, pois havia limite de vagas a fim de manter o distanciamento social. Perguntada se o prejuízo causado pela pandemia já havia sido recuperado, Vernini disse: "Deu uma boa diminuída, mas eu acredito que 100% ainda não. Por que algumas pessoas, além da dificuldade financeira, com as novas variantes, elas ficam com medo e a primeira coisa que elas cortam é o treinamento." E finalizou afirmando que acredita que tempos melhores estão por vir.

Hospital Estadual de Bauru

Em janeiro deste ano, o Hospital Estadual de Bauru (HEB) atingiu a marca de 100% de ocupação dos leitos clínicos e leitos de UTI. Na época, a Secretaria Municipal de Saúde foi a público pedir á população que mantivesse os cuidados necessários e as recomendações de distanciamento social para conter a propagação do vírus. Atualmente, o hospital está sem pacientes internados com Covid.

Entrevistada para essa reportagem, a enfermeira Jessica Dias Nascimento, de 28 anos, que trabalha no HEB, relatou como foi estar na linha de frente durante a pandemia. Ela contou que trabalha no hospital há seis anos e que nesse período, nunca havia passado por algo parecido, e ainda acrescentou que em vários momentos pensou em desistir da profissão por conta do grande esforço exigido em troca de um salário baixo. No meio da pandemia, o hospital reduziu em 300 reais o salário dos enfermeiros, com a desculpa de que a redução seria para evitar a demissão dos demais funcionários.

Questionada sobre como funcionava a distribuição dos equipamentos de proteção individual, Jessica respondeu dizendo que "as máscaras N95 e as viseiras éramos nós quem tínhamos que comprar, o hospital não nos dava, e as pessoas que trabalhavam nos demais setores não tinham nem a roupa correta para o isolamento dos pacientes infectados". Além disso, quando perguntada se na sua opinião a cidade de Bauru conseguiu controlar a pandemia, ela contou que o número de mortes não era muito alto mas, quando falamos sobre pessoas infectadas e pessoas internadas, Jessica disse que Bauru poderia ter controlado melhor a situação.

Hospital Estadual de Bauru. Foto/Reprodução: FAMESPA enfermeira ainda falou sobre o cansaço sofrido na pandemia e explicou: "Antes da pandemia, cada enfermeiro era responsável por sete, no máximo oito pacientes, enquanto na pandemia, cada enfermeiro era responsável por 15." Ou seja, todos estavam muito sobrecarregados em uma situação complexa e nova até o momento.

A saúde mental dos bauruenses

A situação de quarentena e distanciamento social foram novas para todo mundo. Não poder sair de casa para coisas básicas, não poder socializar com amigos e nem ver os familiares foram restrições dadas pela Organização Mundial da Saúde desde o início da pandemia. Por ter que ficar o dia inteiro em casa, com as mesmas pessoas sempre e sem muita opção do que fazer, a saúde mental de muitas pessoas acabou sendo afetada.

A psicóloga Viviane Dutra, que atende em Bauru há 12 anos, contou que durante a primeira quarentena o número de pacientes aumentou drasticamente, e que muitos deles não sabiam mais como lidar com aquela situação.Completou ainda que foi um momento muito difícil para ela por ter ficado sobrecarregada e ainda ter que lidar com sua mente também.

Segundo Dutra, muitos pacientes não sabiam o que fazer dentro de casa, além de relatarem conflitos familiares, por estarem todos juntos 24 horas por dia. Para esse problema, Dutra disse que uma solução seria conversar com os familiares e fazê-los entender que nunca, em nenhum outro momento, havia passado tanto tempo juntos e que, por isso, seria um momento difícil para todos.

Ao entrar no assunto lockdown, Dutra disse: "A saúde mental do ser humano depende da socialização. A partir do momento que alguém nos impõe ficar em casa, sem poder ver quem a gente gosta, nossa mente há é afetada. Por isso, durante o lockdown, o aumento no número de pacientes foi maior do que na quarentena, a quarentena fecha alguns estabelecimentos mas não chega a proibir as pessoas de saírem de suas casas."

A psicóloga finalizou dizendo que após o auge da pandemia, a Prefeitura da cidade passou a fazer campanhas contra o suicídio e também passou a dar mais informações sobre doenças relacionadas ao psicológico, como a depressão e a ansiedade.

Como fica Bauru daqui pra frente?

Essa reportagem entrou em contato com a Prefeitura da cidade no dia 17 de dezembro para saber quais serão os próximos passos para conter o vírus, principalmente em relação à nova variante ômicron. A assessora de comunicação Priscila Medeiros explicou que, atualmente, a Prefeitura da cidade segue as orientação do Estado em relação ao enfrentamento à Covid, seguindo o Plano SP, que hoje obriga o uso de máscaras e álcool em gel e decretou o fim das restrições para os estabelecimentos comerciais e de serviços.

Questionada sobre as providências tomadas para conter a nova variante, a assessoria afirmou: "A Prefeitura não irá realizar festa da virada de ano e nem o carnaval de 2022. Também está reforçando para que as pessoas usem máscara, álcool em gel e evitem aglomerações".

Sobre a vacinação, Priscila afirmou que a dose de reforço está sendo bem procurada pela população e disse que quem já pode tomar, está tomando