O uso da fitoterapia como busca do bem-estar físico e emocional na pandemia e na vida

Forma de tratamento baseada nas propriedades medicinais das plantas e de efetividade duradoura, atuante nas raízes dos problemas, passa a ser mais procurada no período pandêmico

Por June Ruegger

Nos últimos dois anos, a pandemia de Covid-19 deixou sequelas muito mais profundas na saúde do que as evidências medicinais podem dar conta. Afinal, de acordo com uma reportagem publicada na revista Medicina S/A, em julho de 2021, uma pesquisa realizada mundialmente pelo Instituto Ipsos, empresa francesa de inteligência e pesquisa, mostrou que, somente nos últimos 12 meses, 53% dos brasileiros afirmaram que o estado de seu bem-estar mental e emocional passou por pioras, grandes ou pequenas.

Além disso, de acordo com a mesma pesquisa, durante um período de seis meses - de agosto de 2020 a fevereiro de 2021 - a busca por ansiolíticos e antidepressivos aumentou em mais de 100% entre os entrevistados. Ou seja, por mais que a eficiência de tais substâncias seja comprovada cientificamente, elas não são as únicas alternativas, além de configurarem medicamentos de resultado imediato e, portanto, com efeitos curativos a curto prazo.

Nesse contexto, a fitoterapia - medicina que se baseia na utilização das propriedades e poderes das plantas - é uma forma de tratamento aplicado tanto à saúde física quanto emocional, disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), estando no grupo de Práticas Integrativas e Complementares à saúde, oferecidas gratuitamente. Ou seja, o SUS possui políticas públicas e normatizações representativas as quais procuram institucionalizar tal prática.

A musicoterapeuta Carol Carvalho, de Rio Pomba, relatou que, mesmo não gostando de tomar remédios, durante muitos anos de sua vida fez um tratamento com medicações controladas, o que reverberou em alguns efeitos colaterais que afetaram sua vida em âmbitos sociais. Sendo assim, a entrevistada comenta que viu na fitoterapia resultados a longo prazo muito mais significativos e permanentes, mencionando e reforçando que alguns medicamentos mais populares são eficazes de forma instantânea, mas não agem na raiz do problema.

A profissional que também atua na área pedagógica, esclareceu que a fitoterapia a auxiliou significativamente em todas as questões que a pandemia trouxe, bem como diz ter feito o uso de fitoterápicos a base de plantas de uma linha antroposófica, responsáveis por fortalecer o sistema imunológico. Sendo um medicamento que a pedagoga segue usando quando necessário e sempre alcança os resultados esperados.

O fitoterapeuta e terapeuta holístico Murilo Mesquita, de Ouro Preto, comenta que, com a ocorrência da pandemia, boa parte da população ficou emocionalmente vulnerável. Como exemplo, cita o caso de estudantes que precisaram interromper a vida universitária quando ingressaram na universidade, no ano de 2020 e, inevitavelmente, tiveram seus sonhos e escolhas interrompidos, dando abertura a um sentimento de retrocesso.

Dessa forma, se tais questões não são cuidadas no momento em que passam a “sair do controle”, a evolução de um sentimento de frustração pode facilmente transformar-se em um quadro de pânico e, para isso, o profissional diz produzir medicamentos efetivos para melhora. “Costumo preparar alguns complexos, um antidepressivo, um antiestresse, coloco laranja, mulungu, passiflora, camomila, valeriana, melissa e tantos outros que podemos colocar sendo fitoterápicos”, explica, citando as plantas medicinais utilizadas no preparo. Murilo enfatiza que o trabalho do terapeuta holístico se difere dos médicos alopatas por tratar de âmbitos físicos, mentais e espirituais, de maneira a procurar saber as causas iniciais e de onde vêm as questões que resultam nos desequilíbrios emocionais a serem tratados.

A homeopata Míriam Albuquerque, de Viçosa, conhecedora das funções medicinais e terapêuticas de algumas plantas, é também uma profissional da área de psicologia e relatou que, a partir do momento em que a rotina de trabalho das pessoas retornou de forma adaptada ao isolamento, seus serviços passaram a ser procurados em grande escala, ainda no início do período pandêmico. Apesar de a homeopatia se diferenciar da fitoterapia por empregar elementos de origem animal e mineral em seus compostos, não deixa de fazer parte do mesmo grupo de metodologias de tratamento naturais. Ou seja, os estudos e conhecimentos de Míriam permitem que ela indique e usufrua do efeito das plantas que conhece a fim de alcançar o seu bem-estar e de seus pacientes.