Grupo de pesquisa: Poéticas da resistência / Políticas da insurreição

Novembro 30, 2019

Coordenadoras: Profa. Dra. Carolina Anglada e Profa. Dra. Janaina de Paula

Início: Março de 2020

“E porque é a mais funda implicação do homem no real, a poesia é necessariamente política e fundamento da política”(Sophia de Mello Breyner)

grupo

Em sua Aula inaugural no Colégio de França, Roland Barthes nos apresenta a ideia de que a língua, como desempenho de toda linguagem, é fascista, pois obriga a dizer de um único modo, servindo assim ao poder e ao gregarismo da repetição. Como a linguagem humana é sem exterior, a única possibilidade de subtrair-se ao poder é operando uma espécie de “revolução permanente da linguagem”. Para Barthes, essa revolução que permitiria ouvir a língua fora do poder é a literatura. Propomos, nesse grupo, estender a revolução barthesiana para o campo do poema, pensado como ato radical da e na linguagem. Lugar da paixão do sentido, recusa da representação e afirmação da singularidade, o poema é ato que altera quem escreve e quem se relaciona com ele. Como gesto de resistência, algumas poéticas abrem sulcos por onde a vida pode correr. Como gesto de insistência num mundo bárbaro, algumas poéticas sustentam o desejo de que a linguagem possa voltar a significar o real.

 

Roteiro da pesquisa:

  • Poema como resistência
  • Poema como ato: quando dizer é fazer?
  • Poema como queda: exílio, perda, fim de verso
  • A insistência do poema: pós-poesia, apoesia e outras experimentações
  • Poéticas da resistência/Políticas da insurreição.  

 

Encontros: quinzenais (às segundas em horário a combinar)

Encontros quinzenais de leitura e discussão de textos teóricos e poéticos. A partir dos ensaios teóricos propostos, percorreremos o fio das poéticas que se alinham às questões do roteiro, extraindo delas os lugares da pesquisa.

 

Participantes: alunos da graduação e pós-graduação em Letras. Os interessados devem entrar em contrato através do e-mail: janardepaula@gmail.com

 

Bibliografia teórica:

AGAMBEN, Giorgio. Ideia da prosa. Tradução João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

______. O fim do poema. Tradução Sérgio Alcides. Cacto: Poesia e Crítica, São Paulo, nº 1, p. 142-149, ago. 2012.

 

AUSTIN, John Langshaw. Quando dizer é fazer. Tradução de Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

BLANCHOT, Maurice. L’écriture du désastre. Paris: Gallimard, 1980.

CELAN, Paul. Arte poética: O Meridiano e outros textos. Lisboa: Edições Cotovia, 1996.

COELHO. Eduardo do Prado. A poesia ensina a cair. Lisboa: Imprensa nacional casa da moeda, 2010.

DERRIDA, Jacques. Che cos’è la poesia? Coimbra: Angelus Novus, 2003.

FLORES. Guilherme Gontijo. A revolta do poema. Belo Horizonte: Edições Chão da Feira, 2019.

KRENAK, Aílton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

LOPES. Silvina Rodrigues. Exercícios de aproximação. Lisboa: Edições Vendaval, 2003.

NANCY. Jean-luc. A resistência da poesia. Lisboa: Edições Vendaval, 2005.

NANCY, Jean-Luc. Demanda: Literatura e Filosofia. Tradução João Camillo Penna, Eclair Antonio Filho, Dirlenvalder do Nascimento. Florianópolis: Ed. UFSC, 2016.

SISCAR, Marcos. Poesia e crise: ensaios sobre a “crise da poesia” como topos da modernidade. Campinas: Editora da Unicamp, 2010.