A doença: Sintomas, formas de transmissão e tratamentos

O Sars-CoV-2 é responsável pela infecção respiratória aguda, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global que ficou conhecida como Covid-19. O Sars-CoV-2 é um betacoronavírus descoberto em amostras obtidas de pacientes com pneumonia de causa desconhecida na cidade de Wuhan, província de Hubei, China, em dezembro de 2019. Pertencente ao subgênero Sarbecovírus da família Coronaviridae, é o sétimo coronavírus a infectar seres humanos. Os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo o homem, camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente os coronavírus de animais podem infectar seres humanos, entretanto isso foi observado nos surtos de o Sars-CoV que ocorreram em 2002 em vários países e de Mers-CoV que ocorreu em 2012 no Oriente Médio (MS,2020).

A transmissão do Sars-CoV-2 ocorre principalmente entre pessoas por meio de gotículas respiratórias contendo o vírus. Essas gotículas expelidas quando o indivíduo fala, tosse ou espirra podem atingir as mucosas de outras pessoas que estejam próximas. As gotículas expelidas não percorrem longas distâncias, por isso a recomendação do distanciamento de 1,5 metros entre as pessoas se tornou universal (OMS, 2020). Alguns procedimentos, como a coleta de exames das vias aéreas e a intubação orotraqueal, podem produzir gotículas muito pequenas (aerossóis) que são capazes de permanecer suspensas no ar por períodos mais longos e, portanto, com maior transmissibilidade (MS,2020). Outra forma de transmissão é a autoinoculação do vírus, que acontece quando alguém toca uma superfície contaminada com secreções respiratórias e a leva à própria mucosa. Essa via de transmissão é o que justifica outro pilar da prevenção, a higienização frequente das mãos e de superfícies. A limpeza de ambientes e superfícies é fundamental, já que o vírus sobrevive entre horas e dias em alguns materiais (CDC, 2020).

O período de incubação do Sars-CoV-2 é estimado entre 1 e 14 dias, com mediana de 5 a 6 dias, e o quadro clínico é bastante variado (MS, 2020). A infecção pode ser assintomática ou manifestar-se com espectro de sintomas leves (febre, cansaço e tosse seca) até quadros de insuficiência respiratória, choque e disfunção de múltiplos órgãos (CDC, 2020A).

Os critérios clínicos para a suspeita de Covid-19 amadureceram ao longo da pandemia, à medida que os primeiros estudos epidemiológicos foram publicados. Percebeu-se que a febre nem sempre está presente e que crianças e idosos podem manifestar a doença de forma diferente do adulto. Assim, deve-se suspeitar da Covid-19 no adulto quando pelo menos dois dos seguintes sintomas estiverem presentes, de forma aguda: febre (mesmo que referida), calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou de paladar (MS, 2020). Alguns pacientes podem apresentar dores, congestão nasal, conjuntivite, diarreia, perda de paladar ou olfato, erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés. Esses sintomas geralmente são leves e começam gradualmente. Atenção especial deve ser dada aos sinais e sintomas que indiquem piora do quadro clínico e que possam exigir a hospitalização do paciente. São considerados sinais e sintomas de gravidade: febre alta, falta de ar, respiração rápida, dor no peito, arroxeamento das extremidades (MS, 2020).

O diagnóstico da Covid-19 é feito preferencialmente com exames que identificam a presença do vírus, como a reação em cadeia de polimerase em tempo real (RT-PCR) ou a detecção de antígeno por teste rápido (TR). Nestes casos, as amostras clínicas são coletadas das vias aéreas dos pacientes entre o terceiro e o sétimo dia de início de sintomas. Os exames imunológicos auxiliam no diagnóstico através da pesquisa de anticorpo por métodos de Ensaio Imunoenzimático (Elisa); Imunocromatografia – TR para detecção de anticorpos; Imunoensaio por Eletroquimioluminescência (Eclia) ou Quimioluminescência. Os exames imunológicos podem ser realizados em alíquota de sangue total ou soro a partir do oitavo dia do início dos sintomas, idealmente a partir do 14º dia. As indicações para realização dos testes da Covid-19 são determinadas, no Sistema Único de Saúde (SUS), pelos órgãos gestores (SES, 2020).

O atendimento adequado dos casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 depende do reconhecimento precoce de sinais e sintomas da doença e do monitoramento contínuo dos pacientes. Considerando as características gerais da infecção, manifestações clínicas e possíveis complicações e com o objetivo de orientar a conduta terapêutica adequada a cada caso e manter os profissionais atualizados, o Ministério da Saúde elaborou o documento Orientações para Manejo de Pacientes com Covid-191. Os pacientes com sintomas leves (ausência de pneumonia viral e hipóxia) podem não ser hospitalizados, e muitos pacientes serão capazes de cuidar da doença em casa. A decisão de monitorar um paciente internado ou ambulatorial deve ser feita caso a caso. Essa decisão dependerá dos sintomas, da necessidade de cuidados de suporte, dos fatores de risco potenciais para doença grave e da capacidade do paciente de se isolar em casa. Pacientes com fatores de risco para doença grave devem ser monitorados de perto, já que a possibilidade de progressão para doença grave é maior, especialmente na segunda semana após o início dos sintomas (MS, 2020).

Alguns pacientes com Covid-19 terão doença grave que requer hospitalização para tratamento. A gestão de pacientes internados vai ser determinada pelo suporte das complicações mais comuns de Covid-19 grave: pneumonia, insuficiência respiratória hipoxêmica/síndrome da angústia respiratória aguda, disfunção e/ou falência dos órgãos, cardiomiopatia, arritmia, lesão renal aguda e complicações de hospitalização prolongada, incluindo infecções bacterianas secundárias, tromboembolismo, sangramento gastrointestinal e polineuropatia/miopatia (MS, 2020). Adultos mais velhos e pessoas com condições médicas subjacentes compõem o grupo de maior risco de doença grave.

Independentemente do local escolhido para o tratamento, os pacientes que apresentem sintomas devem permanecer em isolamento domiciliar por no mínimo 10 dias e podem ser liberados após esse período caso apresentem melhora dos sintomas e estejam há mais de 24 horas sem febre e sem uso de medicamentos antitérmicos. Para indivíduos com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) recomenda-se o isolamento pelo período de 20 dias após início dos sintomas.